quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Broadway no Carnaval


Uma mistura de Broadway com Brasil encheu de musicais famosos e queridos pelo público o início da segunda noite de desfiles do Grupo Especial no Rio de Janeiro.

Com o enredo "Uma Aventura Musical na Sapucaí", a escola de samba São Clemente apostou suas fichas na viagem musical por peças que vão de "Cats” à “Ópera do malandro” para provar que merece permanecer entre as escolas da elite do samba carioca. Sucessos como "A Bela e a Fera", "A Noviça Rebelde", "My Fair Lady" e "Cabaré" também foram lembrados no desfile idealizado pelo carnavalesco Fabio Ricardo, o Fabinho.

Depois de alguns anos subindo e descendo do Grupo Especial ao Grupo de Acesso, a escola conseguiu em 2011 se manter entre as principais deste ano. Para afastar de vez o fantasma do rebaixamento, a São Clemente levou para a Avenida cerca de 3,3 mil componentes, divididos em 34 alas e sete carros alegóricos. A São Clemente fechou a apresentação com 1h17.


O contagiante samba da escola foi puxado pelo jovem Igor Sorriso, 24 anos, considerado o "menino prodígio" do samba. "Vai comigo, São Clemente!", foi o grito que anunciou a entrada da agremiação da Zona Sul do Rio.

A comissão de frente da São Clemente trouxe os Saltimbancos, que chegaram saudando o público em carroças para dar boas-vindas ao teatro musical brasileiro. Além da dança, eles tiveram seus momentos de "estátua viva" em cima de um tabuleiro durante a apresentação.

A coreografia é assinada por Cláudia Mota, que tem longa carreira como primeira bailarina do Theatro Municipal do Rio de Janeiro e conhece bem o ambiente apresentado pela agremiação: já atuou em musicais como "A Megera Domada", "O Lago dos Cisnes" e "Romeu e Julieta". No carnaval, ela foi assistente nas comissões de frente da Unidos do Viradouro e Unidos da Tijuca.

O carro abre-alas fez uma homenagem ao teatro musical brasileiro, e trouxe para a Passarela do Samba 50 balões em preto e branco, as cores da escola, além de lustres e candelabros.


O primeiro casal de Mestre-sala e Porta Bandeira foram Bira, 29 anos, e Denadir, 35, representaram o espetáculo "O Fantasma da Ópera".  Monique e Anderson, o segundo casal, impressionaram pela caracterização: eles eram, respectivamente, Bela e Fera, em um figurino e maquiagem caprichados em cada detalhe.

Além de retratar o teatro musical brasileiro de Chiquinha Gonzaga e Arthur Azevedo, a obra de Chico Buarque foi lembrada várias vezes ao longo da apresentação da escola. O quarto carro da São Clemente, chamado de "Roda Viva", foi uma homenagem ao primeiro trabalho do compositor no teatro, que virou símbolo de resistência contra a ditadura militar.

Na saída da bateria, houve um princípio de briga entre integrantes da escola com seguranças da Sapucaí. Nenhum problema maior foi registrado.

O carro “Nossa Time Square Brasileira”, sexto a entrar na Avenida, mostrou a chegada das adaptações de grandes peças da Broadway para o Brasil.

A última alegoria da escola foi o carro chamado de "Gran Finale", representando o maior musical do mundo: o desfile das escolas de samba que, segundo o carnavalesco da São Clemente, funciona como janelas para o imaginário do povo.


Outra novidade que chamou a atenção do público foi uma mulata "gigante" inflável, que flutuou pela Sapucaí presa por fios de nylon.

A atriz e diretora Bibi Ferreira, que completa 90 anos em 2012, não desfilou pela São Clemente como era previsto. Segundo o presidente da escola, Renato Almeida Gomes, ela foi aconselhada pelos médicos a não entrar na Avenida. O plano era que ela desfilasse em um calhambeque, mesmo que levou o escritor, pesquisador, compositor e jornalista Sérgio Cabral, de 74 anos, que saiu como destaque. 

O ator Eduardo Galvão também defendeu a escola.

Embora tenha feito um desfile surpreendente sobre espetáculos musicais a São Clemente acabou em 11º lugar porém festejou como se fosse a campeã o fato de não ter sido rebaixada.


Fonte: G1

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