Matéria estadão


Sou fanático por musicais, tanto os do cinema como os que se apresentam nos palcos. Sempre que viajo a Nova York ou a Londres, tento assistir a algum novo, o mais badalado se possível. Também volto carregado de DVDs. Assim, quando começou a nova era dos musicais em São Paulo – gosto de colocar Les Misérables como ponto de partida, em 2000 -, tornei-me um assíduo frequentador, na plateia e nos bastidores, fazendo matéria sobre praticamente todas as estreias, das menores às grandiosas.

Aos poucos, fui conhecendo pessoas tão fanáticas como eu, responsáveis por grandes apresentações como a dupla Charles Moeller e Claudio Botelho no Rio e Jorge Takla em São Paulo. Claro, há mais nomes, mas prefiro me reduzir a eles pois são os que entendo como principais divulgadores do musical aqui, arriscando-se financeiramente em montagens que nem sempre trazem o devido retorno.

Charles e Claudio são responsáveis por momentos memoráveis, como a montagem de Company, assistida pelo próprio autor, o grande Stephen Sondheim, no Rio, uma honra sem tamanho. É deles também a concepção de uma montagem que ainda está em cartaz em São Paulo no teatro Alfa, Gypsy, que considero o melhor espetáculo musical já realizado nessa nova era, pós Les Mis. Sim, é preciso ver para crer. E a principal responsável é a protagonista, Totia Meireles, que se apresenta com uma garra invejável no papel da mãe dominadora. Totia não apenas canta bem, como ainda é ótima na comédia e não perde o fôlego no drama. Em cena, ela é uma leoa, um furacão, capaz de lavar a alma de qualquer cidadão. Já a vi em cena duas vezes nesse musical e pretendo ver mais uma.

Já Takla é responsável pelo bom gosto – impossível descobrir algo exagerado em seus espetáculos, um cenário cafona, um figurino brega. Ele tem a rara noção do que exatamente deve ser aplicado em cada cena. Sua última montagem, O Rei e Eu, comprova isso, um espetáculo profissionalíssimo.

E, mesmo com tantos atrativos, Gypsy não atrai a quantidade de público que merece, enquanto O Rei e Eu teve de abreviar sua temporada, também por falta de pagantes. O que lança uma dúvida: o que aconteceu com a plateia paulistana de musicais? Desde o início dessa nova era (novamente, desde Les Mis), os paulistanos assumiram a condição de público ideal para os musicais, lotando os grandes teatros e, com isso, atraindo novas produções. O Rio, por falta de bons teatros, ficou em segundo plano, ainda que se saiba da existência de aficionados por lá.

Mas, se A Bela e a Fera, O Fantasma da Ópera e My Fair Lady encheram os teatros, uma curva descendente começou a surgir há pelo menos dois anos. Com isso, o que despontava como sucesso certo, surpreendia com um fiasco na bilheteria. West Side Story, por exemplo, montado por Takla, não correspondeu – embora é preciso que se diga que o elenco era irregular, o que comprometia o rendimento final. Mesmo Cats, que já se tornou clássico (particularmente, acho datado), não foi tão fenomenal assim como se supunha. E parece que idêntida situação é sofrida por outra grande montagem, O Médico e o Monstro, ainda em cartaz.


Tenho um palpite para isso. O público paulistano gosta, sim, de musicais, mas é preciso que algumas exigências sejam cumpridas. Primeiro, que a história seja conhecida. A Bela e a Fera foi um desenho de sucesso e isso já era meio caminho andado. Outro detalhe é fama consolidada. O Fantasma da Ópera chegou aqui como o musical que os brasileiros mais buscavam na Broadway, ou seja, um fracasso seria a maior surpresa do ano.

Outro detalhe diz respeito à produção. Miss Saigon (que considero muito chato) ficou famoso pela tal cena em que um helicóptero em tamanho natural entrava em cena. A montagem paulistana, além de ter uma iluminação errada (era muito escura, difícil de se acompanhar), trouxe um helicóptero holográfico, que pouco ou nada entusiasmou.

Assim, não adianta dizer que Gypsy é um dos maiores musicais da história – poucos, infelizmente, conhecem o talento de Totia Meireles, muito menos ouviram falar do próprio musical. Assim, para provar que o público não desapareceu, apenas está recolhido (o preço dos ingressos, é bom lembrar, não é nada atraente), eu aposto na próxima temporada como a grande chance de recuperação. É que grandes sucessos estão a caminho.

Primeiro, Mamma Mia! deve substituir Cats, já em novembro. Quem viu lá fora, voltou encantado. E ainda o filme com Meryl Streep deixou muita gente cantando baixinho no cinema. Assim, acredito que as chances sejam boas. Já Takla se prepara para estrear Evita no início do próximo ano. É outro espetáculo já consolidado, seja pela música que se tornou tema, seja pela detestável versão cinematográfica, com Madonna e um Antonio Banderas no auge da canastrice (por que ele não ficou na Espanha, só filmando com Almodóvar). Acredito que o maior desafio para Takla seja selecionar a atriz principal. O ideal é alguém conhecido que saiba cantar. Sem ainda saber de nenhuma negociação, eu indicaria Daniele Winits, que já se saiu bem em Chicago (outro musical adorável). Acho que ela tem o perfil ideal para o papel.

Finalmente, no Rio, meus queridos Charles e Claudio estão para estrear em outubro o mítico Hair. Quem apenas conhece o filme, terá a chance de realmente descobrir porque esse é um musical revolucionário. A nudez já não choca mais, o clima de guerra hoje é diferente, os hippies se tornaram sessentões, mas Hair mantém intacta sua mensagem de paz, além de uma coreografia soberba e músicas já eternas. Estou animadíssimo para acompanhar mais um trabalho da dupla, assim como o de Takla e a produção da T4Fun.

É preciso ter sempre um leque de musicais em cartaz. Além de oferecer empregos a diversos profissionais do teatro, são uma forma diferente de arte, ao contrário do que julga boa parte da crítica, especialmente a paulistana, que vê o gênero como de segunda linha. Raramente algum profissional de musical é premiado, mas, a julgar pelas listas que tenho acompanhado de finalistas de prêmios tidos como importantes, creio que a decadência está instalada ali, e não no palco dos musicais. A miopia se instaurou nos olhos de quem se esperava visão infinita

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Michelle Obama e seu evento musical


A primeira-dama dos Estados Unidos, Michelle Obama, em uma intensa campanha eleitoral para ajudar os democratas perto das eleições legislativas do dia 2 de novembro, recebeu o "glamouroso" apoio da atriz Sarah Jessica Parker, para obter doações.

A protagonista de "Sex and the City" participou de um exclusivo evento em Nova York com a primeira-dama e a esposa do vice-presidente Joe Biden, Jill, informou hoje a edição digital do jornal "USA Today".

Ao estilo de sua personagem na série, Sarah organizou na segunda-feira uma sofisticada festa que começou na casa da estilista Donna Karan, com um seleto grupo de 85 convidados que doaram US$ 10 mil cada ao Comitê Nacional Democrata (DNC, em inglês).

Depois, a intérprete e a primeira-dama foram ao teatro Saint James da Times Square, onde mais de mil simpatizantes, que pagaram entre US$ 100 e US$ 2,5 mil para presenciar o espetáculo, as aguardavam.

Em uma festa ao estilo Broadway que contou com as atuações de Patti Labelle e vários atores musicais, Sarah foi mestre de cerimônias e não titubeou em apresentar Michelle como "uma mulher que não precisa de saltos para ficar no alto".

Usando um vestido longo cinzento desenhado por Donna Karan, a primeira-dama reconheceu que ainda é preciso trabalhar muito para que o país saia da crise econômica, mas ressaltou que seu partido "chegou longe demais para retroceder", segundo o jornal.

Os democratas enfrentarão no dia 2 de novembro uma complicada queda-de-braço nas urnas para manter sua hegemonia legislativa, apesar de as enquetes apontarem para uma significativa vantagem republicana.

O papel ativo de Michelle Obama nessa campanha, com constantes atos em diferentes estados, a está transformando em uma das maiores esperanças dos democratas para darem uma virada nos prognósticos.

Segundo o jornal "New York Daily News", a primeira-dama arrecadou cerca de US$ 1 milhão para o DNC em seus dois dias de viagem a Nova York

Fonte: yahoo

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"Eu digo não para muitas coisas , Michael Jackson queria fazer um musical sobre Harry Potter."
 
J.K Rowling em entrevista a Oprah sobre como controla a imagem de Harry Potter e do pedido do rei do pop para fazer um musica sobre sua criação

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Musical com musicas dos Beach Boys



Os Beach Boys serão os próximos homenageados em um filme musical jukebox – que é como estão sendo chamados aqueles músicas que utilizam canções de um único artista para contar uma nova história, como “Across The Universe”, com trilha dos Beatles, e “Mamma Mia!”, com músicas do ABBA.

A Fox ganhou da Universal uma disputa que envolvia  vários estúdios, o projeto ganhou sinal verde e tem nomes de peso. A Variety apontou Susannah Grant como roteiristas, que já foi indicada ao Oscar por “Erin Brockovich”. Já a produção é de um trio que envolve as cabeças por trás de alguns dos musicais mais rentáveis da década, “Chicago” e “Hairspray”.


Os Beach Boys já foram trilha de um musical, na temporada de 2005 da Broadway, chamado  “Good Vibrations”, um dos singles mais importantes do quinteto californiano, de 1966. Mas não é muito provável que seja essa a história a chegar às telas, pois só rendeu 94 apresentações.

Comparando, não é nada próximo de “Mamma Mia!”, por exemplo.  Apesar de ser uma produção inglesa, do West End, de Londres, ele já está em cartaz há 11 anos e, quando foi transformado em filme, com  Meryl Streep, rendeu 600 milhões de dólares. É esperar pra ver se os Beach Boys tem esse potencial, mas o grupo merece ser apresentado à nova geração, apesar do grupo nunca ter acabado oficialmente e planejar uma reunião de 50 anos em 2011.

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Musical sobre primeiro ministro britânico estréia em Portugal


O musical português “Churchill” teve a sua estreia mundial semana passada na cidade de Lagoa, no Algarve, parte do programa Allgarve 2010 deste mês, prometendo um espetáculo ao estilo da Brodway norte-americana.

"Churchill, The Musical" foi escrito por dois ingleses, Derek Ash e Trevor Holman, também eles a viverem em Lagoa, no Algarve. Foi nesta pequena cidade que pensaram em produzir um espectáculo sobre o célebre primeiro-ministro, figura importante da 2.ª Guerra Mundial, e decidiram convidar Ray Jeffery para dirigi-lo.

Com mais de 1700 produções no currículo, incluindo "Billy Elliot" e "Les Miserables", Ray Jeffery aceitou a proposta e instalou-se num hotel em Armação de Pêra. "Li o roteiro e achei logo que podia fazê-lo", conta ao i o diretor artístico do musical, vencedor por 26 vezes do prémio Waterford Trophy. "O Churchill teve uma vida muito interessante, foi um homem fascinant

O espetáculo conta com a participação no palco de 50 atores, cantores e bailarinos e uma equipe de produção de 25 pessoas e, segundo a organização do programa de valorização turística do Algarve – Allgarve –, é “o primeiro grande espetáculo ao estilo do que melhor se faz na Broadway a estrear mundialmente em Portugal”.

Segundo Derek Charles, a escolha do Algarve para a estreia mundial do musical “Churchill” explica-se pela conhecida paixão do grande estadista britânico por Portugal, especialmente pela Madeira e por Lisboa.

O autor acrescenta também que a inexistência na história dos grandes musicais de uma estreia mundial em Portugal ajudou na decisão de optar pela primeira representação no país.

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Crítica: Orfeu



Orfeu entre tragédia e show
Montagem de desenho indefinido e anêmico é apenas um desfile de composições literárias e musicais
Análise: Mariangela Alves de Lima - O Estado de S.Paulo

Emprestada dos franceses, a expressão "sucesso de estima" caiu em desuso sob a hegemonia norte-americana. Sendo mais pragmáticos, os critérios que substituíram essa valoração ambígua não separam o apreço de poucos do desinteresse de muitos. Bem-sucedida é, hoje, a obra de arte que vende bem e conquista um grande espaço nos meios de divulgação. No entanto, é esse galicismo fora de moda que faz justiça a Orfeu da Conceição, uma composição teatral de Vinicius de Moraes prestigiada por uma fortuna crítica abundante e encomiástica, mas encenada poucas vezes, em geral com intuito comemorativo.

As qualidades que sustentaram a repercussão crítica desde a estreia, em 1956, até o presente, são as indestrutíveis virtudes do poeta rigoroso na construção e límpido na captura de estados anímicos e dilemas existenciais.

Há na peça versos fulminantes, inesquecíveis para o leitor ou ouvinte atento e a eufonia da alta poesia é, por si só, um convite à teatralidade. Por outro lado, a fabulação esgarçada, a insubstancialidade das personagens e os recortes arbitrários por onde se insinuam as intervenções musicais contrariam a unidade trágica a que a peça aspira.

O protagonista Orfeu, músico do morro e não de "um morro", é a voz lírica celebrando o amor e isso resume sua ação na peça. Enquanto o músico canta a paixão, a coletividade mitifica um pacificador sem que se saiba bem qual a relação entre o amoroso e o herói. Alguns episódios só se tornariam compreensíveis para o público de teatro se fossem acompanhados de notas esclarecedoras sobre a fonte mitológica e é este o caso, por exemplo, do ataque das mulheres ao herói ensandecido. Em suma, a peça não é modelar, mas é amada por muita gente.

As limitações e, sobretudo, a irresolução do texto, que hesita entre a concentração trágica e a segmentação do teatro musical, são certamente problemas que a encenação contemporânea, desobrigada da fidelidade ao texto, resolveria com facilidade relativa. É um desses enigmas da vida teatral, portanto, a anemia do espetáculo dirigido por Aderbal Freire-Filho.

Erudito e popular. Quando alguém abre a boca em cena é para pronunciar versos de um grande poeta, a música é de Tom Jobim e a direção musical é de Jaques Morelenbaum e Jaime Alem, dois ases experientes na trama entre a música erudita e a popular. Até o elenco compensa a falta de experiência dramática com candura juvenil e competência para as partes musicadas e coreografadas. São fatores que, somados, prenunciam um espetáculo no mínimo merecedor do sucesso de estima.

Contra o fundo anódino da cenografia de Marcos Flaksman evolui um parente esquisito do show. Não empolga porque a matéria literária, por natureza, exige do espectador atenção e uma certa frieza e, ao mesmo tempo, dissolve o estado contemplativo, intercalando músicas e textos extraídos de outros contextos autorais. Enfim, o resultado é o de uma seleta para principiantes que faz desfilar, em perspectiva panorâmica, composições literárias e musicais de qualidade garantida.
Morros cariocas. Nosso modernismo, inspirando-se nos russos, sonhou um teatro-estádio, grandioso na estatura e na ambição de conquistar a "massa" com o mesmo poder galvanizador do esporte. De modo implícito na peça Orfeu da Conceição e explícito em comentários, Vinicius de Moraes pretendeu a mesma grandeza quando assimilou a paisagem cultural dos morros cariocas ao assunto trágico e, sobretudo, aos elementos espetaculares da tragédia.

Músicos, bailarinos, coro e máscaras ampliam escala e, portanto, a visibilidade do teatro. Nesta adaptação sucintamente denominada Orfeu, a dimensão é a da casa de show, um lugar onde em geral cabe muita gente, mas onde se acomodam com dificuldade grandes ambições artísticas.

fonte: Estado de SP

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