quarta-feira, 13 de julho de 2011

Entrevista Saulo Vasconcellos





Do palco à tela - 
Matéria do Correio Braziliense                    


O cantor Saulo Vasconcellos saiu de Brasília em 1999 para trabalhar em uma montagem de O fantasma da ópera na Cidade do México. Foi em São Paulo, porém, que solidificou sua carreira no teatro musical, atuando em espetáculos como A bela e a fera, A noviça rebelde e Cats. Até dezembro, pode ser visto em Mamma mia. Mas um novo caminho começa a ser trilhado pelo artista, fora dos palcos.


Depois de participar do seriado A lei e o crime, na Record, e de atuar em uma série que estreia em 2012 na tevê paga (e sobre a qual não pode falar no momento, por força contratual), ele estreia como ator no cinema. No filme Os olhos da janela, interpreta Vitor, um roteirista de cinema, rico, colecionador de carros, em meio a uma crise existencial. O filme tem pré-estreia no dia 27, em São Paulo. 

Seu personagem no filme não tem nada a ver com música. Como surgiu o convite para o papel?

O diretor Bruno Saglia ligou para meu agente, Cleto Baccic. Eles conversaram por horas e só então, depois de receber o texto e dar uma lida na ideia do que se tratava a história, Baccic me ligou e conversamos sobre a viabilidade de fazê-lo. O filme, apesar de ter orçamento modesto e equipe reduzida, proporcionou coisas interessantes. Filmamos num castelo no Guarujá. Para se ter ideia, o dono tinha uma coleção de mais de 50 carros, na sala do castelo, um barco pendurado no teto, uma Ferrari F1 grudada numa das colunas da escadaria. Senti-me uma criança num parque de diversões.

Trabalhar como ator fora do teatro musical é um projeto seu, ou são trabalhos eventuais?

Sempre foi um projeto meu (com o meu empresário). Recentemente, terminei de filmar um projeto que fechamos para uma série de um grande canal por assinatura. Foi uma experiência incrível e diferente de qualquer coisa que já havia feito. Só deve sair no início do ano que vem.

Você gravou um CD. Há intenção de fazer carreira como cantor?

O disco foi uma aventura independente, para entender um pouco como funciona o mercado fonográfico. As pessoas costumam confundir, mas indústria fonográfica nada tem a ver com teatro musical. Mesmo porque nunca gravamos nenhum dos nossos espetáculos em CD, em 12 anos de carreira. Então, foi um sonho que realizei. Eu mesmo gravei, com ajuda do meu empresário (que fez a produção executiva), e concretizei minha vontade de ter minha voz gravada oficialmente em um CD.

Atores de musicais (que não sejam conhecidos por outros meios) não costumam ter muita popularidade. De onde vem o reconhecimento para quem trabalha nessa área?

Não entramos de graça nos lares das pessoas, mas ao longo de 12 anos de carreira devo ter sido visto por, no mínimo, 3 milhões de espectadores. Fora que tento manter o contato direto com os fãs nas redes sociais. Sempre que possível, tento responder mensagens e e-mails que chegam diariamente, me incentivando, motivando e às vezes criticando positivamente. Reconhecimento também é uma consequência. E, no caso de teatro musical, é uma consequência de longo prazo.

Você saiu de Brasília para trabalhar no México. Como é sua rotina de trabalho atual?

Agora, no máximo, ela se estende ao Rio (risos). Gosto de ficar num lugar só. Fui ao México em duas ocasiões, 1999 e 2004. Mas gosto muito do Brasil, de pão de queijo, coxinha, feijoada, churrasco. No México, fiz amigos, mas morar no Brasil é minha paixão. Tive o privilégio de morar no Rio quando entrei para o elenco de A noviça rebelde. Adoraria passar outra temporada lá. Mas minha base é São Paulo. Gosto da cidade e já a considero minha, apesar de jamais esquecer minhas raízes brasilienses e ter o sonho de fazer algo grande em minha cidade.

E sua relação com Brasília? Mantém contato com a cidade?

Vou quase anualmente passar o Natal com minha mãe e irmãs. Sempre me sinto nostálgico quando chego aí. Costumo correr, e quando faço isso em Brasília me vem uma saudade dos tempos de jogar futebol embaixo do bloco, de ficar com os amigos até de madrugada conversando em frente à portaria, coisas que quem é de Brasília sabe do que falo. Vou correndo pelas quadras da Asa Sul e lembrando um pouquinho de cada amigo que tinha em cada uma delas, ou algum fato que aconteceu. É uma coisa que mexe comigo.

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