Vários dos musicais já montados no Brasil são baseados em histórias reais: Gypsy foi baseado na biografia da stripper Gypsy Rose Lee; "O Rei e Eu" conta a história real da viúva Anna Leonowens, apesar de ser altamente improvável que ela e o rei do Sião tenham vivido qualquer romance; "Evita" relata a vida de Eva Perón e até mesmo "O Fantasma da Ópera" tem similaridades com fatos reais. Veja alguns exemplos comparando a realidade com a ficção:
A Noviça Rebelde
A Noviça Rebelde
O musical conta a história da família de cantores austríacos Von Trapp (foto). Foi baseado no livro "The Sound of Music" escrito por Maria nos anos 50. Maria saiu do convento para dar aulas para um dos sete filhos do Capitão Georg Ludwig von Trapp que, no musical, é autoritário e disciplinador enquanto Maria é compreensiva e defensora. Na vida real era Maria quem era rigida com as crianças, chegando ao ponto de utilizar uma terapia de eletro-choque como tratamento para uma das filhas.
Na vida real eles se casaram em 1927 porque Maria estava grávida, na ocasião o capitão tinha 47 anos e Maria 22. Com a grande depressão, o Capitão perdeu sua fortuna (que ele havia herdado de sua primeira esposa) e viu-se obrigado a alugar sua casa palaciana para estudantes da Universidade Católica, e a falta de dinheiro foi o incentivo para que a família começasse a se apresentar em concertos. Quando os Von Trapps fugiram para os Estados Unidos, diga-se de passagem que nesta altura os sete filhos já eram dez, eles não deixaram para trás uma fortuna nem escalaram nenhuma montanha para escapar dos nazistas, eles apenas pegaram um trem até a parte neutra da Suíça.
Chicago
Em 1924, Beulah Annan, uma dona de casa de Chicago, matou seu amante Harry Kolstadt com um tiro. O marido de Beulah, Al, contratou o proeminente advogado de defesa W. W. O'Brien para tirar sua esposa da forca. Depois de um julgamento muito divulgado na imprensa, com entrevistas aos jornais que afirmavam que Beluah estava grávida, o juri (todo masculino) precisou de apenas duas horas para chegar ao veredito: "Inocente". A gravidez provou-se falsa. Os Annans se divorciaram e Beulah acabou morrendo em um asilo quatro anos depois.
Chicago
Em 1924, Beulah Annan, uma dona de casa de Chicago, matou seu amante Harry Kolstadt com um tiro. O marido de Beulah, Al, contratou o proeminente advogado de defesa W. W. O'Brien para tirar sua esposa da forca. Depois de um julgamento muito divulgado na imprensa, com entrevistas aos jornais que afirmavam que Beluah estava grávida, o juri (todo masculino) precisou de apenas duas horas para chegar ao veredito: "Inocente". A gravidez provou-se falsa. Os Annans se divorciaram e Beulah acabou morrendo em um asilo quatro anos depois.
No mesmo ano, Belva Gaertner (foto), uma cantora de cabaret conhecida como "Belle Brown", supostamente atirou em seu amante Walter Law, um homem casado. Law foi encontrado jogado no banco da frente do carro de Belva com uma garrafa de gin e uma arma em cada lado. Belva, que foi encontrada em seu apartamento coberta em sangue, confessou que ela estava bêbada e que dirigia com Law, mas que não se lembrava do que havia acontecido. Nos anos 40 ela se mudou para Califórnia e foi morar com sua irmã, Ethal Kraushaar. Belva morreu de causas naturais em maio de 1965, aos 80 anos.
A repórter Maurine Dallas Watkins, que fez a cobertura desses e outros casos para o Chicago Tribune, resolveu cursar a Escola de Arte Dramática de Yale e escreveu a peça como dever de casa do curso. Estreiou em 1927 e, na platéia, estava Belva Gaertner. A peça inspirou dois filmes "não musicais" em 1927 e 1942, o musical no palco em 1975, e o filme musical, vencedor do oscar de 2002 de melhor filme.
O Fantasma da Ópera
A Ópera de Paris, também chamada de Palais Garnier, realmente existe, com lago subterrâneo e tudo, apesar de que o lago funciona como contrapeso do elevador de palco, sendo esvaziado ou cheio de acordo com a necessidade. O candelabro, que é praticamente um personagem do musical, também existe e é muito semelhante ao da produção musical de Andrew Lloyd Webber, sendo o original circular e não oval. No dia 20 de Maio de 1896 houve um acidente, um contrapeso de 360kg se soltou, atravessou o teto, passou pelo quinto andar da platéia, e foi parar no quarto andar, resultando em vários feridos e na morte de uma mulher. A platéia acreditou que fosse um ataque anarquista e o pânico tomou conta do teatro. Os atores se posicionaram no palco em silêncio, tentando transmitir calma para a platéia e, aos poucos, a ordem foi reestabelecida. O acidente causou um incêndio que foi rapidamente controlado pelos bombeiros do teatro. Foi noticiado pelo jornal "Le Figaro" no dia seguinte que o contrapeso que caiu segurava o candelabro. Apesar disso não ser verdade, foi o suficiente para inspirar Gaston Leroux, o autor do livro que deu origem ao musical.
A repórter Maurine Dallas Watkins, que fez a cobertura desses e outros casos para o Chicago Tribune, resolveu cursar a Escola de Arte Dramática de Yale e escreveu a peça como dever de casa do curso. Estreiou em 1927 e, na platéia, estava Belva Gaertner. A peça inspirou dois filmes "não musicais" em 1927 e 1942, o musical no palco em 1975, e o filme musical, vencedor do oscar de 2002 de melhor filme.
O Fantasma da Ópera
A Ópera de Paris, também chamada de Palais Garnier, realmente existe, com lago subterrâneo e tudo, apesar de que o lago funciona como contrapeso do elevador de palco, sendo esvaziado ou cheio de acordo com a necessidade. O candelabro, que é praticamente um personagem do musical, também existe e é muito semelhante ao da produção musical de Andrew Lloyd Webber, sendo o original circular e não oval. No dia 20 de Maio de 1896 houve um acidente, um contrapeso de 360kg se soltou, atravessou o teto, passou pelo quinto andar da platéia, e foi parar no quarto andar, resultando em vários feridos e na morte de uma mulher. A platéia acreditou que fosse um ataque anarquista e o pânico tomou conta do teatro. Os atores se posicionaram no palco em silêncio, tentando transmitir calma para a platéia e, aos poucos, a ordem foi reestabelecida. O acidente causou um incêndio que foi rapidamente controlado pelos bombeiros do teatro. Foi noticiado pelo jornal "Le Figaro" no dia seguinte que o contrapeso que caiu segurava o candelabro. Apesar disso não ser verdade, foi o suficiente para inspirar Gaston Leroux, o autor do livro que deu origem ao musical.
Acredita-se que Leroux baseou o personagem de Christine Daaé na cantora Christina Nilsson (foto), que em cartas, assinava seu nome como Christine. Christina nasceu num vilarejo da Suécia e já tocava violino desde pequena. Ela cantava em feiras populares e, depois de quatro anos de estudos em Paris, debutou em 1864 como Violetta em La Traviata (o que jamais poderia ter acontecido na Ópera de Paris, que foi construída em 1875), e se tornou a grande sensação, despertando a inveja de Adelina Patti, uma grande diva da era vitoriana. Christina se tornou uma estrela, aclamada internacionalmente, e diziam que ela cantava como uma deusa. Christina se casou com um conde, mas este foi seu segundo casamento.
O primeiro capítulo do livro de Leroux mostra várias provas de que um "Fantasma" realmente possa ter existido. Dentre os vários fatos que o autor nos apresenta, está a coluna "oca" no camarote número 5, que no musical é o camarote do fantasma, dentro da qual pode se esconder uma pessoa. A coluna teria uma certa propriedade acústica que permitiria ouvir a apresentação e a voz de quem estivesse dentro da coluna poderia ser ouvida pelos ocupantes do camarote.
Por Rafael Oliveira
Diretor cênico, roteirista e versionista da Escola de Teatro Musical de Brasília (ETMB)
https://sites.google.com/site/musicalembomportugues/
Diretor cênico, roteirista e versionista da Escola de Teatro Musical de Brasília (ETMB)
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