Explosão dos musicais
Escrito por Isabella de Andrade para o jornal Campus Online da UNB
Escrito por Isabella de Andrade para o jornal Campus Online da UNB
O teatro musical, estilo de teatro que combina músicas, conções, dança e diálogos falados, se consolida cada vez mais em Brasília e isso se deve principalmente ao pioneirismo dos que iniciaram a produção dos musicais na cidade, por volta de 1998. A dedicação de produtores, diretores, professores e dos próprios atores, fortalece o nome de Brasília no eixo Rio - São Paulo como ótima fonte para importar talentos que possam integrar produções de grandes musicais.
A popularidade do teatro de revista, como o gênero também é conhecido no Brasil, e o interesse do público não eram tão frequentes como hoje. Poucas montagens ocorriam no Rio de Janeiro e em São Paulo, como A Chorus Line, em 1983. A produção começou a crescer nessas capitais por volta do ano 2000, com a estreia brasileira do musical Les Misérables. No entanto, segundo o ator e cantor candango, Rafael Villar, que atualmente trabalha no mercado musical em São Paulo, os brasilienses conferiam um pouco dos musicais já na década de 1990, através do Instituto de Música do Distrito Federal. Essas primeiras iniciativas consolidaram a ideia de que fazer musicais na cidade era possível e uniram diversas pessoas que se interessavam pelo gênero.
Em 2004, a partir da vontade de fazer o teatro musical despontar em Brasília, um grupo de amigos, dentre eles: Walter Amantéa, Sandro Sabbas, Thais Uessugui e Rafael Villar, fundou a Associação de Livres Espetáculos de Brasília (Alebra). O grupo começou com pequenas apresentações com canções de musicais da Disney (como A Pequena Sereia, Pocahontas, Alladin, dentre outros) e devido ao sucesso com o público, que lotava as apresentações, os integrantes resolveram continuar. Para os espetáculos seguintes, a Alebra passou a selecionar novos artistas e a cada nova apresentação a procura pelas audições aumentava. Walter Amantéa, um dos fundadores da Alebra, explica que no início eram feitas montagens com coletâneas de músicas da Broadway, mas sem roteiro específico. Com o desenvolvimento e o crescimento do grupo, os espetáculos passaram a utilizar roteiros de grandes musicais, como Grease e Rent, por exemplo, ambos adaptados também para o cinema.
Outra iniciativa importante para alavancar o gênero musical na cidade foi a criação da Escola de Teatro Musical de Brasília (ETMB). O projeto foi idealizado por nomes importantes do meio musical candango: Rafael Villar, Michelle Fiuza e Thais Uessugui. A execução, por sua vez, ficou a cargo de Michelle Fiuza, Rafael Oliveira, Vladimir Fiuza e Walter Amantéa. A escola, que funciona no Instituto de Música e Dança do Distrito Federal, na 315 Sul, objetiva formar artistas completos, especializados em musicais. Lá, eles podem desenvolver as habilidades de canto, dança e interpretação, orientados por professores especializados em cada área. “Uma vez que a Alebra alcançava uma projeção cada vez maior na cidade, a ETMB surgiu como necessidade de preparar os inúmeros interessados que nos procuravam, a desenvolver habilidades para ingressar nos musicais semi-profissionais da Alebra”, explica Walter Amantéa.
Além dos nomes já na cidade, novos produtores surgem para realizar montagens esporádicas aqui. É o caso da montagem do musical Bom dia Baltimore, produzido pela Actus Produções em parceria com a Companhia de Dança Alex Gomes. É a primeira montagem de um espetáculo de teatro musical parte dos envolvidos. A atriz e diretora Élia Cavalcante já havia montado diversos espetáculos na cidade, como a peça O Noticiarista. O musical ainda está em fase de produção e tem estreia prevista para agosto deste ano.
Tamanha dedicação por parte dos brasilienses envolvidos com os musicais tem surtido efeito. Os artistas dividem rotinas de estudos e trabalhos com aulas de canto particulares, aulas de dança e teatro, participação em grupos de corais e de performances teatrais, além de ensaios diários para os espetáculos. O número de candangos envolvidos em espetáculos cresce não somente na capital, mas também nos grandes pólos brasileiros de teatro musical. Vários jovens que iniciaram carreiras na Alebra e na ETMB fazem sucesso não somente em Brasília, mas também no exterior, que ganha relevância dentro do cenário dos musicais por possuir produções que recebem maiores investimentos e são mais divulgadas. Uma vez dentro de apresentações de sucesso, os artistas tendem a expandir carreiras nas grandes capitais e a receber convites para outros trabalhos, além de reconhecimento.
Apesar da grande quantidade de talento artístico, empenho e dedicação dos brasilienses, a cidade ainda está longe de alcançar os níveis das grandes produções. Faltam investimentos e patrocinadores na cidade. Uma montagem musical profissional de grande porte ainda não aconteceu aqui. “Estamos a anos luz de alcançar os mesmos níveis de produção do Rio e de São Paulo. Além disso, faltam espaços físicos adequados para este tipo de apresentação na cidade, como alguns grandes teatros com uma acústica boa e favorável aos musicais, encontrados em outras capitais”, comenta Rafael Oliveira, professor da Escola de Musicais de Brasília.
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